Esses dias eu estava rolando a timeline de alguma rede social e me deparei com um calendário atualizado de vacinação no estado de São Paulo. Minutos depois, vi uma manchete noticiando que o Amazonas passou um dia sem registrar mortes. Em outro momento, ouvi o jornal falando sobre as cidades que estão com a vacinação avançando até faixas etárias mais próximas à minha.
E na mesma semana, houveram dois momentos triunfais pra mim: Fantástico com reportagem otimista, entrevistando pessoas vacinadas, e o Átila Iamarino se vacinando. Eu não sei você, mas as janelas do terror pra mim durante todos esses meses foram o Fantástico e o Átila Iamarino, até cortei meu alcance para não surtar de vez.
Todas as vezes recentes em que me senti esperançosa foi como se eu tivesse sido transportada para um outro plano fora desse aqui. Como se eu tivesse viajado no tempo e ido direto para um futuro que estava muito mais distante do que eu pensei.
É engraçado como cada um lida com esse luto que a pandemia nos trouxe, né? Uns colocaram todos os planos na geladeira, preferiram firmar os pés no chão para se sentir mais seguros, adiou a etapa planejar para depois. Outros, por outro lado, tiraram esses pés do chão e viajaram na maionese, descontando toda a tristeza e a revolta em planos futuros. “Ah, mas eu vou ser feliz e realizar esse sonho nem que seja no ódio”.
Ou melhor, o famoso 'se fazer de doido'. É, eu fui esse segundo personagem aí.
Passei a pandemia toda mirabolando coisas legais, viagens que eu gostaria de fazer, lugares que eu gostaria de conhecer, etc. Parecia mais fácil lidar com o mundo caótico enquanto eu idealizava uma próxima realidade, torcendo para que ela fosse mil vezes melhor.
Porém, ao mesmo tempo, havia uma descrença enorme.
Acho que isso explica muitos planos ousados, afinal, há ideias que damos porque achamos que nem vai rolar no final das contas. É por isso que estou estranhando tanto a esperança - e ficando um pouco maluca com isso, confesso.
Não sei se você esteve na internet quando viralizou o texto que a Bruna Marquezine fez para o seu então namorado onde ela dizia que precisou fazer terapia para se tocar que estava feliz em um relacionamento. Eu gosto de rir dos memes disso, mas É ESSA A VIBE!
Se você também se sente assim, entre no carro otária, vamos fazer terapia para lidar com essa estranha esperança.
E fora, bolsonorabo!