#8 - a estranha sensação de ter esperança

 
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Olá, como vai?

 

Por aqui as coisas vão bem, e isso tá até estranho. Tenho escrito algumas vezes sobre a perturbação que é ser brasileiro e estar vivendo essa crise que parecia que iria durar para sempre. Isso aí mesmo, parecia.

 

Durante todo esse tempo, sorrir ou se sentir satisfeito sobre qualquer coisa soava injusto. Chegou um ponto em que buscar me alienar fazia eu me sentir como uma egoísta. E pior ainda, nutrir esperanças parecia algo impossível. Ver países imperialistas comemorando flexibilizações não me dava esperança, e sim mais raiva ainda.

 

Mas hoje estou satisfeita em perceber que, aos poucos, essa esperança vem se recuperando. Afinal, ela estava em estado grave, respirando por aparelhos. Você já se perdeu na rua e suspirou de alívio ao ver um ônibus com um destino conhecido passar? Aquela sensação de "ufa, nem tudo está perdido, vou voltar para algum lugar conhecido em breve". 

 

Se você também se sente assim, provavelmente deve estar achando tudo isso esquisito também. E claro, assim como eu, deve estar cheio de vontade de finalmente gritar…

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Esses dias eu estava rolando a timeline de alguma rede social e me deparei com um calendário atualizado de vacinação no estado de São Paulo. Minutos depois, vi uma manchete noticiando que o Amazonas passou um dia sem registrar mortes. Em outro momento, ouvi o jornal falando sobre as cidades que estão com a vacinação avançando até faixas etárias mais próximas à minha.

 

E na mesma semana, houveram dois momentos triunfais pra mim: Fantástico com reportagem otimista, entrevistando pessoas vacinadas, e o Átila Iamarino se vacinando. Eu não sei você, mas as janelas do terror pra mim durante todos esses meses foram o Fantástico e o Átila Iamarino, até cortei meu alcance para não surtar de vez.

 

Todas as vezes recentes em que me senti esperançosa foi como se eu tivesse sido transportada para um outro plano fora desse aqui. Como se eu tivesse viajado no tempo e ido direto para um futuro que estava muito mais distante do que eu pensei.

 

É engraçado como cada um lida com esse luto que a pandemia nos trouxe, né? Uns colocaram todos os planos na geladeira, preferiram firmar os pés no chão para se sentir mais seguros, adiou a etapa planejar para depois. Outros, por outro lado, tiraram esses pés do chão e viajaram na maionese, descontando toda a tristeza e a revolta em planos futuros. “Ah, mas eu vou ser feliz e realizar esse sonho nem que seja no ódio”.

 

Ou melhor, o famoso 'se fazer de doido'. É, eu fui esse segundo personagem aí.

 

Passei a pandemia toda mirabolando coisas legais, viagens que eu gostaria de fazer, lugares que eu gostaria de conhecer, etc. Parecia mais fácil lidar com o mundo caótico enquanto eu idealizava uma próxima realidade, torcendo para que ela fosse mil vezes melhor.

 

Porém, ao mesmo tempo, havia uma descrença enorme.

 

Acho que isso explica muitos planos ousados, afinal, há ideias que damos porque achamos que nem vai rolar no final das contas. É por isso que estou estranhando tanto a esperança - e ficando um pouco maluca com isso, confesso.

 

Não sei se você esteve na internet quando viralizou o texto que a Bruna Marquezine fez para o seu então namorado onde ela dizia que precisou fazer terapia para se tocar que estava feliz em um relacionamento. Eu gosto de rir dos memes disso, mas É ESSA A VIBE!

 

Se você também se sente assim, entre no carro otária, vamos fazer terapia para lidar com essa estranha esperança.

 

E fora, bolsonorabo! 

 

o que eu vi, li e ouvi por aí?

Série: 

Betty

 

Além de sentir um pouco de esperança, esses dias eu também maratonei Betty, uma série que está disponível no HBO Max. Ela tem um ritmo bem calmo e despretensioso, onde os únicos plots são as encrencas que essas minas arranjam no dia a dia enquanto andam de skate por Nova York e lutam para ter respeito nesse rolê tão dominado por homens. 

 

Muito mais do que a pequena sinopse, tem duas coisas que você precisa saber sobre a série: é uma derivada do filme Skate Kitchen (2018), estrelado pelo mesmo elenco e assinado pela mesma diretora, a Crystal Moselle. Então, recomendo que o assista antes para saber como elas se conheceram; e a segunda coisa é que Skate Kitchen é um grupo de skatistas que realmente existe em NY - e é composto por parte das garotas que estão no elenco! Isso mesmo, antes de se meterem nessa vida de atrizes, as minas se conhecem há muito tempo andando de skate, levando a mesma vida que elas levam na série.

 

E mais: as personagens não são apenas personagens. Eu diria que 60% é baseado na personalidade real das atrizes em muitos graus - figurino, hobbies, orientação sexual, etc. Incrível, não? Toda vez que abro o Instagram de alguma delas, parece que estou em um espaço extendido da série. A segunda temporada acabou de sair do forno, vai assistir e me conta o que achou.

 
 

Obrigada por mais essa segunda-feira de leitura. :)

Que essa semana seja de boas notícias e mais motivos para alimentar mais um pouquinho da tal esperança.

Carol

 

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