#segundo gole

 
Oi, tudo bem por aí?
Bora pro segundo gole?

 

Hoje a newsletter está chegando na terça porque amanhã vou sair de casa antes do sol nascer. Eu sei que é começo de semana mas espero que vocês tenham um tempinho de 5 minutos para mergulharem aqui.

 

Há um mês, na última vez que fui pra Araçatuba, na casa dos meus pais, vivi um momento transcendental. E os quais vivi alguns pontuais e raros ao longo da vida (vou contar aqui, mais embaixo). Não sei se vocês já tiveram uma experiência assim, vou compartilhar a sensação pra gente se entender…

 

Eu não tô falando aqui de momentos felizes, tô falando daqueles que se aproximam mais das cenas místicas e esplêndidas. Deixa eu tentar…
 

Estávamos no rancho - e para quem não sabe, rancho é uma casinha cheia de planta de que fica na beira de um rio Tietê limpo e sereno. Era umas 10h da manhã, eu tava de pijama comprido, meio frio, meio calor, levantei sem pressa e enchi a xícara de café. Minha mãe estava cuidando das orquídeas, meu pai mexendo com as abelhas e minhas irmãs saído pra caminhar. 

 

De repente, começou a ventar muito…de varrer as folhas no chão, de cair pétalas das trepadeiras, de fazer os sinos de vento cantarem e de encher o rio de ondas. E estava sol. Vento fresco e sol.  Levei então uma cadeira para a varanda descoberta, apoiei meu café sobre a perna e deixei voar. O cabelo, o tempo e o barulho de mar. O celular estava longe, eu não tinha compromisso, estava descalça, apoiei os pés num banquinho e o corpo relaxou. E segui assim por uns 20 minutos. O vento soprando o rosto, a natureza se movimentando e uma paz no coração que nenhum alerta do WhatsApp poderia atrapalhar. 

Um gato que vive por lá se aproximou, ficou deitado embaixo da minha cadeira -   enquanto seus pêlos curtiam o vendaval que criava o perfeito cenário para se estar. E era onde eu estava. 

 

Os momentos transcendentais salvam.

Alguns anos atrás, tive um período de insônia bem difícil que culminou numa depressão quase invencível. Eu não tinha mais remédio para recorrer, nem médico para ajudar. Eu não dormia. E depois de 2 meses bem doente, finalmente encontrei um médico que me olhou com atenção e conseguiu me ajudar a voltar à vida. 
E voltar à vida, amigos….e voltar ao sono….isso sim é místico. Lembro da sensação de acordar da minha primeira noite dormindo por 8 horas seguidas - depois de muitas noites em claro. Isso sim é para não se esquecer jamais. Foi a melhor sensação de alívio e quietude dentro do meu coração. 

 

Vou contar mais um. 

Teve uma vez que voltei bem tarde de uma festa à fantasia. Foi a mais especial de todas. Os amigos mais próximos. A melhor fantasia de Amy Winehouse. Luzinhas penduradas entre as árvores. As risadas de doer a barriga. O cachorro quente da que - era pra gente - a melhor lanchonete de São Paulo. Chegar em casa às 7h da manhã, ver o sol amanhecendo, tirar os saltos, deitar na cama e já sentir saudade…da melhor festa da nossa juventude. 

 

Momentos majestosos, sabe? Daqueles que dizem - veja bem, você está vivo, você está aqui, sentindo todas essas sensações e tendo a sorte de curtir mais um dia. 
Aproveita, a vida é maravilhosa. 

Você já tiveram uma sensação assim? Se puderem me contar, eu vou adorar saber. 

 

Um beijo.

Volto logo,

 

 

*Um rascunho perdido*

"Perguntaram-me qual é o meu diretor favorito, e eu não tenho.
Mas como é que pode alguém que trabalha com vídeos não ter um diretor predileto?!
Não, não tenho.
Tenho filmes, dos quais gosto mundo. Dos quais poderíamos passar a noite falando. 

Mas não me peça um único diretor porque é muito limitador crescermos com a premissa de que aos 30 e poucos anos temos tudo definido. A melhor viagem, a minha bebida, a estação mais esperada, o lugar dos sonhos. Não, eu não quero especificar nada. 

Muitas coisas já se passaram por aqui e eu não vou fechar esse ciclo."

 

Clara Vanali

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Sobre

 

Sou jornalista mas penso que ser jornalista é mais sobre investigar. Ser escritora é mais sobre observar. Aqui, me sinto mais escritora que jornalista. Prazer, Clara ;)