#9 - festival de unfollows

 
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Olá, como vai?

 

Eu sei. Sumi. Mas cá estou e pretendo continuar, juro. Uma das coisas que eu mais gosto dessa news é a relação de não obrigatoriedade que tenho com ela. Na vida de uma redatora ou de qualquer outra pessoa que produz textos ou outros conteúdos o dia todo, uma atividade onde não há pressão alguma para produzir é muito prazerosa.

 

Falando em pressão, hoje o assunto são elas… as redes sociais. Para ser mais específica, o Instagram. Lembra quando esse aí era apenas um espaço para biscoitar, postar foto com a pessoa amada, mostrar o pet, o céu, as plantas, etc? Eu lembro e sinto saudades. Não precisa estar muito por dentro das tendências em mídias sociais para notar que o Instagram está mais para um e-commerce do que rede social ultimamente.

 

Você está lá curtindo sua pausa no almoço, tentando descansar, aí abre o story de qualquer pessoa e, quando começa a se interessar pelo o que ela está dizendo, de um frame para o outro… PÁ! Ela já te indicou uma marca de bolsas, falou de algum aplicativo que tem facilitado a vida dela ultimamente, marcou o @ um restaurante, mostrou o brinco novo, e mais uma lista de situações onde você é exposto e do nada começa a pensar em comprar chaleira elétrica que nunca tinha cogitado ter antes daquele stories começar.

 

O que muitas vezes está tudo bem, dar e receber indicações quando se quer comprar algo é bom, eu adoro. Mas isso está quase que automático e obrigatório, uma régua para ser e se sentir influente, mesmo que essa nem seja sua função. É quase impossível aproveitar as redes sociais sem sentir vontade de comprar algo, ir para algum lugar, comer algo de diferente, ser de outro jeito que você não é, enfim… zilhões de coisas. 

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Mas há ótimos pontos também no Instagram, como ver pessoas sendo livres e se sentindo bonitas do jeito que elas são e fotos de amigos tomando vacina. Ou seja, tem como pelo menos tentar equilibrar nessa corda bamba que as redes submetem nossa saúde mental. E sabe qual a melhor maneira de fazer isso? Dando unfollow.

 

Você, com certeza, deve seguir pessoas que não agregam em nada no seu feed e que você nem se identifica mais com elas. Tire um tempo no seu dia e veja conta por conta que você segue, sempre refletindo sobre o que você quer ver e sentir no seu dia a dia enquanto acessa essa ferramenta super comercial, e taca o dedo no unfollow, sem dó.

 

Além dessa, existem outras formas de educar suas redes e transformá-las num lugar melhor para você: criar bolhas.

 

"Mas Carol, já não vivemos em bolhas automaticamente?"

 

Sim, mas você pode fragmentar um pouco mais a sua de diversas formas, adaptando para o que você quer ver em situações específicas. Por exemplo, já conheci pessoas que têm uma conta no Instagram diferentes para quando querem apenas relaxar, seguindo contas que não prometem nada a mais do que memes e outros conteúdos descontraídos. Desse jeito, você pode se livrar daquelas informações que acabam com o seu dia, pessoas que fazem você se sentir inferior, publis para lá, publis para cá…

 

Mas aí você interpreta como se isso fosse um clamor à alienação - no mal sentido - e me diz:

 

"Mas bolhas não são prejudiciais para o nosso envolvimento social, noções de realidade, etc?"

 

Olha, já cheguei a acreditar friamente que eu precisava deixar minhas redes sociais mais que plurais. Foi quando comecei a seguir movimentos sociais diferentes, jornais de diversos locais (até os que escreviam em árabe?), pessoas diferentes a mim, entre diversas outras coisas. Resultado: o algoritmo não me entregava nada daquilo e, quando me entregava, era estressante assimilar tantas informações distintas uma da outra.

 

Ou seja, essa noção que temos de furar a bolha é muito falsa. Ainda mais depois de quase dois anos vivendo mais no mundo digital do que o real, é uma ilusão acharmos que não estamos alienados - quando os próprios algoritmos já fazem isso por nós.

 

Agora, vamos focar em quebrar a bolha na vida real, tentar acessar mais esse universo físico que esteve tão distante da gente nos últimos meses, ter mais tato e se livrar dessa ressaca virtual que estamos vivendo. Porque olha… essa parte da retomada do universo físico será tão difícil, papo para outra news até.

 

E enquanto o universo físico ainda está distante, se aproximando a passos lentos, se enfie na bolha mais saudável para você. :)

 

o que eu vi, li e ouvi por aí?

Filme: 

Querido Ex 

(2018)

 

Em um domingo preguiçoso, abri a Netflix e busquei por algo que não demandasse muito minha atenção. Eis que escolhi o filme taiwanês Querido Ex (2018) e vi que falhei feio na missão, pois o longa prendeu e envolveu muito a minha atenção com uma trama focada em conflitos familiares, algo que gosto muito de assistir em filmes.

 

Para você entender do que estou falando, o filme com temática LGBTQ+ retrata a história de uma mãe e um filho lidando com o luto por um pai que, com sua morte, deixou tudo o que tinha em seu testamento para o amante. Essa mãe vai a luta para ficar com uma parte para ela e seu filho e, quando menos espera, o amante desenrola uma proximidade cada vez maior com a sua família.

 

O drama serve atuações impecáveis (principalmente da mãe, feita pela Ying-Xuan Hsieh), uma fotografia perfeita, personagens bem escritos e retratados de formas sensíveis - percorrendo muito bem entre as vulnerabilidades, defeitos e bondades de cada um. Assiste e me conta se essas foram as suas impressões também!

 
 

Obrigada por chegar até aqui (hoje foi textão, seu sei).

Que a semana seja repleta de bolhas saudáveis e unfollows!

Até logo,

Carol

 

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