8 #oitavo gole

 
Oi, tudo bem por aí?
Bora pro oitavo gole? 


Longe de mim querer que você troque a xícara de café da manhã por uma taça de vinho, logo cedo. As news separadas por goles são mais pra gente entrar no clima da embriaguez solidária que nos ajuda a desabafar sem muitas ponderações. Então vem comigo.

 

Ano passado eu estava mais preparada pra guerra. Me acostumei a ver notícias ruins pela TV, números assustadoras nos jornais e - enquanto não dava para sair às ruas, vivi o isolamento mergulhada em livros e séries que me faziam companhia quando não se podia ter a companhia de alguém. Mas esse refúgio à arte não foi levinho não. Todos os livros que eu li - durante a quarentena - falavam de sofrimento, morte e situações tão complicadas de lidar quanto uma pandemia.

 

As boas mulheres da China

 

A ridícula ideia de nunca mais te ver

 

O peso do pássaro morto

 

Se Deus me chamar não vou

 

Enterro Celestial 

 

Deixei os links aí em cima para vocês darem uma espiada em alguns deles. Todos belíssimos, juro. Indico muito. Me sensibilizaram pela delicadeza e deram aquele abraço poético que só os livros sinceros conseguem dar. E fizeram parte do momento em que eu e todo mundo estava vivendo, em que se busca escritores que conseguem colocar em palavras toda a angústia de se viver um período exaustivo e difícil.

 

Mas este ano, e principalmente este semestre, meu mood virou. Eu não aguento mais levar porrada (quem aguenta?). Guardei com carinho esses livros na estante e parti pra outra. Tô só nas séries livres, leves e soltas e filmes que - como diz meu amigo Edvin - fazem murchar o cérebro (no buoníssimo sentido). Aqueles que trazem cenários de viagens, que me fazem ter esperança de encontrar os amigos de novo, com conflitos de romances irresistíveis e preocupações bobas que blindam minha mente de um mundo - que continua terrível lá fora - mas que me pede sossego para seguir enfrentando tudo.

 

Não parei de ler as notícias. Mas evitei ver documentários que inspecionaram a fundo o 11 de setembro, na semana passada. Cheguei até a assistir alguns trechos, mas reviver as torres caindo me deu uma bad tão grande que, em vez de estar me informando, eu estava me afundando. É como assistir Fantástico de domingo, não tem jeito pior de terminar a noite.

 

No último sábado fui ver a Bienal das Artes 2021. Adoro ir na Bienal pelo passeio em si, por aproveitar e dar uma caminhada no Ibirapuera, pela arquitetura maravilhosa do pavilhão e pela mostra, obviamente. Porém, este ano especificamente, pesou pra mim. O tema da Bienal está lindo: "Faz escuro, mas eu canto". Mas o processo todo é escuro pra valer. Saí carregada pensando que, definitivamente, não tô com saúde para absorver as mazelas do mundo sem que isso me faça mal de alguma forma.

 

E olha, sem querer fazer com que as conversas e os discursos daqui pra frente sejam rasos. Só acho que cada um deve ouvir o próprio coração para entender o que as informações absorvidas estão causando dentro de si. Só estou dizendo que, no meu atual momento de vida, precisava desacelerar de querer mergulhar em tudo o que é profundo e custoso de ser digerido.

 

Indo nessa vibe de desafogamento, pedi sugestões para amigos de coisas que poderiam fazer dos meus finais de noite mais leves e recebi uma ótima indicação da Vanessa, que me aconselhou assistir "Geração 30 e poucos", na Netflix. A série se passa toda na Itália e, além do idioma que faz a gente querer sair correndo para uma aula de italiano, tem trilhas ótimas, traz uma narrativa gostosa demais de acompanhar e mostra a busca de jovens - desta faixa etária - por um amor, em meio à tecnologia e aplicativos de paquera. Não assisti a todos os episódios ainda, mas o pouco que eu vi já me deixou feliz.

 

Mudando de assunto.

Quero exaltar a maravilhosa newsletter da Luciana Andrade que citou a minha newsletter na da ótima Gaía Passareli, trazendo um monte de novos seguidores pra cá. Coisa boa demais é, num mundo cheio de informação, criar uma rede de jornalistas e escritores que se apoiam e dão impulso para que a gente continue com esses projetos pessoais que dão tanto prazer. 


Bem-vindos, novos leitores. Se quiserem ler os goles passados, me respondam este e-mail que envio a vocês ;)

 

Espero que vocês tenham uma semana levíssima. 


Um beijo,
Volto logo.

 

(e ah, se esta newsletter estiver caindo no seu lixo eletrônico ou na aba promoções, do gmail, arraste a newsletter para aba principal para que o seu e-mail entenda que essa news não é promoção nem spam, pelo amor de deus.) 

 

 

 

*Um rascunho perdido*

(textos meus escritos em algum lugar do passado)

 

Ele me pediu para que eu voltasse a escrever,

mas aí eu disse que só escrevia quando estava triste.
– então fique triste, ele falou.

Ele me pediu também para que eu voltasse a amar.
mas eu só me encrenco com o amor.
– então volte a se encrencar.

Outro pedido foi para que eu voltasse a cantar.
 mas eu só cantava quando acordava de bom humor.
– então volte a acordar sorrindo.

Por fim, me pediu para meditar.
mas é algo que eu nunca fiz.
– então volte a fazer coisas novas.

Volte.

 

Clara Vanali

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Sobre

 

Sou jornalista mas penso que ser jornalista é mais sobre investigar. Ser escritora é mais sobre observar. Aqui, me sinto mais escritora do 

que jornalista. Prazer, Clara ;)