31 #trigésimo primeiro gole
 
Oi queridos, tudo bem?
Vamos pro trigésimo primeiro gole?
 
Tem um lema que eu aprendi nesta vida e que, depois de aplicado muitas vezes, jamais abandonei: é mais importante mostrar segurança do que ter segurança.
 
Sabe aquela pergunta: quando você teve segurança pra largar o emprego fixo e montar o seu negócio? 
Ou quando você se sentiu corajoso pra aceitar aquele projeto? Balela. 
Minha segurança eu sempre inventei. E vou explicar. 
 
Lembro quando saí da Editora Abril em 2012 e abri minha produtora de vídeos. Eu tinha um total de zero clientes. Ninguém me conhecia como freelancer ou prestadora de serviço e por isso eu tinha que mostrar a eles que eu era capaz de abraçar um projeto do começo ao fim. 
Das sortes e anjos que aparecem na vida, tinha um ex-professor da minha faculdade que estava trabalhando na Natura, na época. Ele me conhecia por ser boa aluna, apenas isso. E pra ele já era suficiente pra me oferecer uma vaga na área de comunicação da empresa. Mas eu, que não queria voltar pro corporativo tão cedo, propus a ele um projeto em que eu produziria uma websérie de 6 episódios - com personagens que tinham um estilo de vida que conversava com a Natura. Criei um nome pra websérie, montei uma linha de raciocínio que ligava os episódios entre si e, com a ajuda da minha irmã (que hoje é minha sócia), criamos uma apresentação linda em PTT. Com zero segurança, mas com uma vontade absurda de dar certo. Eu não queria um novo crachá, eu queria começar a minha empresa.
 
Acredite-se ou não, a proposta foi aceita. E eu fui até a Natura conhecer meus novos clientes. A cada reunião que fazíamos, eu vestia meu personagem seguro e mostrava que tinha toda a firmeza do mundo pra fazer daquela websérie um sucesso. E foi. Porque, vejam bem amigos, às vezes é mais importante o cliente acreditar na gente do que a gente mesmo. Eles nos acharam capazes de assumir o desafio e nessa eu embarquei. 
Depois que colocamos Natura no nosso portfólio, outras portas se abriram. A partir daí, abraçamos projetos em indústrias e empresas de todos os segmentos, e fechamos projetos que nos levaram desde a Amazônia até a Califórnia. Nesse ritmo, já se foram 10 anos desde que fundei a produtora - com um pouco mais de segurança do que naquela época, mas ainda assim com muitos frios na barriga. 
 
Ninguém nasce seguro ou se sente totalmente seguro quando vai realizar algo que nunca fez. A gente se mostra seguro. E isso de várias formas. Pode ser pela experiência de falar em público - o que nos dá um pouco mais de gingado -   ou pela vontade imensa de fazer aquilo funcionar. E olha, aconselho muito as pessoas a montarem suas empresas na faixa dos 20 até uns 30 e poucos anos. Não que depois seja impossível. Mas me parece que aos 20 a gente ainda tem uma ingenuidade, inocência e gana que nos faz correr mais atrás dos sonhos. É a invencibilidade da juventude. Nada pode nos deter. 
 
E eu tenho muito orgulho da minha vontade naquela época, muito mais do que a segurança. Porque insegurança eu tenho até hoje quando algum cliente vem me propor algo maluco pra vencer. Quantas vezes a gente aqui, por medo, não faz tanta questão de fechar algum projeto mas, depois que fechamos, nos divertimos a beça, aprendemos um monte, conhecemos pessoas interessantes e ganhamos mais 1 pêlo de segurança para seguir. 
A gente fica achando que tudo tem que vir da gente, a força, a coragem, a iniciativa….mas olha, alguém acreditar que a gente pode, mais do que a gente mesmo, move montanhas. 
Acreditem nas pessoas acreditarem em você. Isso é importante demais.
 
Mudando de assunto.
A maravilhosa Carol Ruhman Sandler indicou esta newsletter que vos fala na newsletter dela da última sexta, em que ela dá 5 dicas imperdíveis (aconselho muito a assinatura). E com isso, chegou muita gente nova nesse espaço me fazendo ganhar ainda mais segurança em continuar escrevendo ;) 
Bem-vindos novos leitores, é um prazer aumentar essa rede de troca e inspirações que iniciam as manhã de terças-feiras. Pra celebrar esse nosso encontro, vou deixar aqui uma playlist que sempre embala os meus domingos em que eu escrevo pra vocês. 
É uma playlist minha em que eu vou acrescentando músicas diárias e que, também me acompanha quando preparo algum jantar ou recebo amigos em casa. Aproveitem, tem muita coisa boa aí dentro, juro. 

Fiquem bem <3 
 
E se você está chegando agora, pode ser que goste de ler também o 26º gole. 
 
Um beijo,
Volto logo.
 
 
*Um rascunho perdido*
(textos meus escritos em algum lugar do passado) 
 
nesta noite, nada mais sincero que um macarrão feito em casa 
com um vinho que sobrou do fim de semana. 
mordi à língua hoje à tarde e fiquei pensando que fazia parte do inferno astral. mas, na verdade, era uma bolinha de sangue que se formou um dia desses quando queimei a língua no café quente  - que eu amo tomar de manhã.
dormi a noite passada com dor na lombar, e fiquei encucada que também devia ser o inferno astral me atormentando. mas era de ter ficado muito tempo em pé, em uma gravação que terminou com ataques de risos dentro de um táxi. 
a vida. que vai deixando cicatrizes que não tem nada de infernais.
e o vinho. que adormece a língua e relaxa a lombar. 
 

Clara Vanali

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Sobre

 

Sou jornalista mas penso que ser jornalista é mais sobre investigar. Ser escritora é mais sobre observar. Aqui, me sinto mais escritora do 

que jornalista. Prazer, Clara ;)