6 #sexto gole

 
Oi, tudo bem por aí?
Bora pro sexto gole?

 

Tô numa fase meio mindfulness, sabe?
 

Mas sem aquele lance de lavar louça pensando que se está lavando louça, porque isso é too much pra mim. Nada melhor que pensar em todos os questionamentos da vida lavando uma bela de uma louça.
 

Mas esmiuçando melhor o que quer dizer a prática - de se estar no momento presente da maneira mais consciente possível - tô exercitando isso nas últimas semanas. Eu costumava ir para as gravações (pra quem é novo aqui, trabalho fazendo vídeos) pensando no tanto de coisas que eu tinha que resolver no escritório. Como se eu estivesse devendo algo ou perdendo algo. E aí, já partia para o destino final pensando em voltar, ou ficava o caminho todo tentando adiantar alguma coisa sem me dar conta que eu poderia apenas curtir aqueles minutos dentro do táxi/uber - porque este também é um momento em que se é permitido viver.
 

Ainda neste raciocínio, na sessão "Rascunho Perdido" da newsletter passada, eu resgatei uma frase que escrevi pra mim mesma anos atrás: toda essa preparação para viver um grande momento, na verdade significa que já estamos vivendo um grande momento. E toda essa espera para que as coisas aconteçam, já significa que elas estão acontecendo.
 

Pois sim, amigos. Talvez essa seja a melhor parte da nossa vida. Ou, se não é a melhor, é uma parte que vale a pena ter nossa presença. Vocês estão se colocando presentes no momento atual? 
Mesmo que você esteja mais trabalhando do que qualquer coisa, consegue fazer disso algo interessante de ser vivido? Tem curtido o almoço quando para, de fato, para almoçar e relaxa no sofá sem olhar as redes sociais?
 

Sem pressão, vamos aos poucos. 
Ainda me pego fazendo mil coisas ao mesmo tempo, mas tô me policiando para prestar mais atenção às pessoas a minha volta, ao percurso que estou fazendo e ao que diz minha intuição. Sair do automático é dificílimo, mas tenho a sensação que a gente se sente muito mais realizado e menos estressado quando coloca a nossa energia ao que está se fazendo no momento. Bora testar? A semana está só começando, dá tempo de vencermos o instante perdido.
 

Mudando de assunto.

Tô achando que segundo semestre deixa a gente menos romântico.
Me lembro de, no primeiro semestre, enviar uma mensagem a uma amiga desabafando sobre a falta que fazia conhecer alguém legal para compartilhar os dias. E agora, tô achando ótimo não ter compromisso com ninguém. 

Assisti recentemente a série Love Life, da HBO, em que a cada episódio a protagonista tem um encontro com alguém que não dá certo, ela sai com várias pessoas até que no final (tem spoiler, pare de ler) ela chega a conclusão que o melhor é ficar um tempo sozinha. Porém, toda vez que vejo esse tipo de final de série ou filme, fico entediada. Porque a minha realidade e a de muitas amigas próximas (incríveis, por sinal) é ter passado a maior parte da vida solteira para, quem sabe no final, encontrar alguém que venha somar e derrubar por terra a ideia de que o melhor é ficar sozinha. 
Novidade pra mim não seria achar que sozinha é melhor, é perceber que o melhor mesmo é junto.

 

Já que o amor está no ar (médio) quero só dizer aqui que resolvi dar uma chance pro novo EP da Juliette. Eu tava cheia dos preconceitos achando que tavam forçando a barra mas li em algum lugar que ela tá sendo acompanhada por um dos fotógrafos mais bam bam bam que existe, o Giovanni Bianco (que já produziu trabalhos para Madonna, Anitta, capas da Vogue e por aí vai). E pois bem, mordi a língua. 
Lançaram ontem o clipe dela e que fórmula mais perfeita para funcionar. Luz bonita, voz doce, tudo com uma carinha inocente, bonita, figurino conversando perfeitamente com o cenário, nada over, hit que cola, cores quentes…..Saí do escritório cantando: ahhh, teu beijo me deixou de cara, a nossa química é rara, a nossa diferença é mara….. 
 

E a newsletter da semana passada rendeu e-mails sinceros e reconfortantes de vocês. A Mari me escreveu dizendo: "Eu engordei na pandemia e não entro mais nas minhas calças. Mas algo sobre não ser visto durante o isolamento me permitiu me ver apenas com os meus olhos, não com os das outras pessoas. Comprei calças maiores e vida que segue. O ápice da minha semana é saborear uma comida gostosa e um vinho, não vou abrir mão".
 

Um beijo,
Volto logo. 

 

 

 

*Um rascunho perdido*


Sentei num bar em que íamos em 2003.
E o bar de 2003, quando você volta em 2015, te recebe tirando sarro da tua cara: “o que você tá fazendo aqui?”

A banda começou a tocar cpm22, detonautas, skank e todas aquelas músicas que a banda do colégio tocava, que o garoto que você gostava cantava, e que abraçaram toda a sua adolescência no interior. Eram, na época, as melhores músicas. Hoje, são portões que abrem os seus 16 anos trazendo aquela sensação estranha de que o tempo leva os dias sem perguntar.
Sentada, vi uma amiga do colégio com um namorado numa mesa distante. Ela não me viu, eu não a vi. Eu a vi, ela me viu. A gente não se cumprimentou, porque o tempo passa. E os cumprimentos passam também. Eu não sei bem porquê.
 

Clara Vanali

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Sobre

 

Sou jornalista mas penso que ser jornalista é mais sobre investigar. Ser escritora é mais sobre observar. Aqui, me sinto mais escritora do 

que jornalista. Prazer, Clara ;)