Oi, queridos,
Vamos pro vigésimo terceiro gole?
Ser solteiro tem suas vantagens e eu posso provar.
Sempre gostei de ir a exposições sozinha. Eu curto andar sem pressa, ficar em frente às obras que eu gosto, me aquietar, ler as plaquinhas com calma ou pular rapidamente a plaquinha quando não me interessa. Galerias e museus tem um quê de íntimo, de silêncio e eu aprecio essa liberdade que me cabe ali dentro. Eu não quero puxar assunto, não quero discutir a relevância do artista ou me incomodar com pressa da minha companhia em ir embora, quero ir sozinha apenas :p
Quando morei um 1 mês em NY estudando inglês, sempre convidada um aluno da escola pra dar um rolê na cidade. Mas quando meu trajeto envolvia museu, eu não chamava ninguém
(sem maldade, colocava meu guia embaixo do braço e saía de fininho). Tem coisa mais gostosa que passear no
MOMA sem ter que tecer um comentário a cada passo? Ou ficar solto no
MET, que é gigantesco e nos dá a autonomia de selecionar os setores em que se vai, porque não tem como conhecer tudo numa única ida.
No último fim de semana fui ao
Farol Santander, aqui em São Paulo. Já fazia um tempão que queria conhecer, então preparei minha bolsinha turística
(que inclui dipirona - pra dor de cabeça, digeplus - pra má digestão, óculos de sol, celular e cartão de crédito) e fui. Pra chegar lá é meio treta. Centrão de SP é brabo. Histórias e prédios lindos de doer, mas insegurança batendo o tempo todo. Resolvi pegar um táxi no meio do caminho que me deixou bem perto do prédio, então não tive problemas.
Gostei do passeio. Quatro andares do farol são dedicados a exposições diversas
(a da foto desta newsletter faz parte de uma delas, chamada Sombras Milenares, bem bonita aliás). Legal visitar também os andares que eles dedicaram a manter a memória e decoração dos primórdios do lugar
(quando ainda era o antigo Banespa).
Uma sala, em específico, eles reservaram só para expor os retratos de todos os presidentes que comandaram a Instituição. E apenas nesta hora eu senti falta de alguém ao meu lado para comentar. Me deu bode ver que não havia nenhuma mulher nas fotografias. Eram todos homens, de terno, sisudos, com cara de bonzinhos - sendo que alguns deviam ser bem malvados na real. Duas senhoras estavam na mesma sala que eu e nem se incomodaram com isso.
Então incorporei o papel daquelas tias chatas que dialogam coisas com pessoas desconhecidas e disse: - engraçado que até hoje nenhuma mulher foi presidente deste lugar. Elas olharam pra mim com uma cara estranha e certamente pensaram - essa daí é loca.
Terminei a visita e fiquei triste por não ter tido coragem de almoçar num restaurante ali perto - o
Salve Jorge. As redondezas estavam terríveis, bastante lixo na rua e sensação de que bobeou, dançou.
Acabei indo almoçar no
Atsui, restaurante que já comentei aqui na
news, e que se tornou um dos meus favoritos na pandemia - tem pouquíssima gente, drinks ótimos e um serviço incrível. Não me canso.
Voltei pra casa a pé e percebi que na bolsa de turista vale também levar um band-aid. O tênis comeu a pelinha do meu calcanhar. Pra minha sorte, em São Paulo, existe uma farmácia a cada esquina - que acabou me salvando e mostrando que - se você está sozinho, em qualquer parte do mundo - uma bolsa com celular, dipirona, digeplus, óculos de sol, cartão de crédito e band- aid, te levam aonde você quiser. Enjoy it.
Fiquem bem <3
Um beijo,
Volto logo.