Oi queridx,
Vamos pro vigésimo quarto gole?
Eu sou a rainha da tv a cabo e não há nenhum streaming que me faça desistir dela. Não existe sossego maior nesta vida que chegar em casa do trabalho, tomar banho, pijaminha e curtir um Discovery em paz, com os sobreviventes do Largados e Pelados comendo todos os órgãos de um esquilo na selva. Ou então acompanhar um adestrador domando gatos encapetados no Meu Gato Endiabrado. Adoro ver os lipomas sendo estourados em Sandra Lee - a Rainha dos Cravos ou então pés estranhos que mais parecem rochas de arenito no Meus Pés Estão Me Matando.
Não me julgue, leitor. Sou dos papos cabeças, dos livros profundos e dos filmes que fazem chorar. Mas me deixe aqui mostrar meu lado de menos credibilidade: tv a cabo ensina muito e eu posso provar.
Um dos meus favoritos é a Clínica Animal como Dr. Pol no National Geographic - uma série que acompanha a rotina de um veterinário senhorzinho, que tem lá os seus 80 e tantos anos - e cuida de todos os bichos que existem, camundongos, camaleões, galinhas, cachorros, cavalos, bisões, avestruzes e por aí vai…. O velhinho é foda. Entende de tudo. Faz cirurgias intestinais, tira cistos, conserta dentes, cura doenças oculares, inchaços nas patas, mamas empedradas, cortes, infecções e tudo quanto é tipo de fungo. É melhor que muito médico por aí. Não é à toa que o cara tem a clínica lotada. E nessa você deve pensar “caramba, clarinha, você deve amar os bichinhos para curtir um programa desse.” Olha, eu não sou a maior amante dos animais do mundo. Curto gatíneos fofinhos mas não sou de beijar cachorro dos outros na rua.
Ainda assim fico boba de ver Dr. Pol trabalhando. Dá gosto, sabe? Às vezes ele é chamado de madrugada pra parir bezerros, no frio, e vai sorrindo, como se fosse a coisa mais fácil do mundo.
Por falar em parir, taí um trem que aprendi com Dr. Pol - pera, eu vou explicar.
Esses dias, quando estava nas minhas férias no interior, meu pai chegou chateado em casa falando que uma vaca do seu sítio tinha tido um prolapso uterino. Minha família ficou sem entender o que era mas pra quem assiste o que eu assisto, amigos, é bem facinho de entender.
O prolapso uterino acontece quando a vaca faz muita força pra parir e acaba colocando, sem querer, o útero pra fora. Parece bizarro, mas já assisti a dezenas desses casos no Dr. Pol.
O segredo pra vaca não morrer? Lavar bem o útero com água corrente e, com as mãos, num processo bem penoso, colocar esse útero pra dentro da barriga de novo e costurar seu bumbum (não acredito que estou falando disso nesta newsletter). O fato é que, por eu ser formada na escola Dr. Pol, perguntei pro meu pai se o veterinário que foi atender o caso no sítio tinha limpado bem o útero da vaca antes de colocá-lo pra dentro. Ele disse que certamente não, o que pode ter causado uma infecção e feito a vaca morrer. Fiquei arrasada. Na próxima eu vou junto, pai - para orientar o moço a fazer o procedimento direito :p
Outro conhecimento que só a tv a cabo pôde me proporcionar foi com o programa
SOS Cobra, em que um casal de caçadores de cobras é chamado por moradores que, do nada, encontram cobras em suas casas escondidas embaixo de cama, no ralo da pia, dentro do vaso sanitário e por aí vai...Nessas, aprendi que se você encontrar uma
Mamba-negra dentro do seu lar e for picado por ela, você pode ter um colapso e morrer em 45 minutos.
A boa notícia é que esse tipo de cobra é nativa da África Subsariana -
então fiquem tranquilos, que ela ainda não chegou na Bela Vista.
Mudando de assunto.
Fui pro streaming este fim de semana
(a-há) e aluguei na Apple o filme
Enquanto Houver Amor, que é arrasador nas atuações da
Annette Bening e do
Bill Nighy - artistas veteranos que certamente tiveram um dos seus melhores momentos neste drama. O longa mostra um casal, nos seus 70 anos, em processo de divórcio. O personagem do Bill se apaixona por outra e deixa sua esposa em casa devastada
(só que Annette é tão maravilhosa no papel de esposa chata que você acaba torcendo pro vilão e não pra mocinha). O bonito do filme é que ele se intercala com citações de livros e poesias que tem tudo a ver com o momento em que ambos estão passando. De fato não é tão comum vermos um casal de idosos se separando - como se a idade fosse um empecilho para seguir uma nova vida.
Será que divórcio tem a hora certa para acontecer? Será que depois de muito tempo casados, não há mais espaço para desistir e começar outra vida? Legal demais também acompanhar o filho do casal, que mesmo adulto e crescido, não deixa de sofrer com o término.
É bonito viu, assistam, achei que vale muito a tarde de sábado.
Levinha a news de hoje, né? Me amem.
Fiquem bem <3
E se você está chegando agora, pode ser que curta também o gole anterior.
Um beijo,
Volto logo.