Oi, tudo bem?
Vamos pro vigésimo nono gole?
Venho mais em cima da hora hoje, escrevendo na segunda à noite, aos 42 do segundo tempo, mas não posso deixar de vir. Não sei em que gole desta vida inventei uma newsletter e agora me apeguei ao fato de vocês me receberem em casa todas às terças, aos e-mails maravilhosos que me enviam e a uma rede invisível que, mesmo que não comente, me lê com carinho.
Eu ia vir pra falar de trabalho hoje aqui, numa divagação que tô há semanas mas….pensando bem, percebi que vocês gostam mais quando eu me dedico ao amor. Então, aproveite leitor, que neste dia que vos amanhece, entre tantas notícias terríveis, trago uma croniqueta sobre o amor (e não de amor), baseada em fatos reais.
prometem ler sem pressa?
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Comprei um perfume caro.
E eu não sou de investir em perfumes.
Acho difícil encontrar um que me agrade, que não seja muito presente e que não se torne enjoativo com os dias. Quando encontro algum especial, me apego, e faço dele meu próprio cheiro, deixando - sem querer - um resquício em cada roupa que uso. Mas olha…sempre fui nos baratinhos, com um aroma quase de acabei de tomar banho e ainda estou com o frescor do shampoo nos cabelos.
Mas desta vez não.
Desta vez eu gostei de um diferente. Vi um frasco pequeno e achatado, com uma cor rosada meio transparente, bonito à beça - posso provar? E ao perguntar isso, a atendente abriu um sorriso largo como se, no mar de perfumes da loja, eu tivesse acertado em cheio naquele que seria o da minha vida.
- deve ser doce demais, pensei.
Mas não.
Ele era único.
Forte e ainda assim gostei.
Doce, mas de um jeito delicado.
- nunca gostei de um perfume assim, mas este….Este custava 300 reais.
Quem paga isso num perfume?
Por ele eu paguei, não me julguem. Senti uma conexão, queria fazer daquele o meu cheiro pelos próximos meses. Em qual caminho da vida se cruza com uma preciosidade como essa? - vou levar.
E veja bem, o erro não está aí. O erro vem a seguir.
Pois então, no meio de tantas distrações que inventamos - para não nos lembrarmos o tempo todo do peso da mortalidade - me apareceu um rapaz.
- favor não criar expectativas. Mas não vejo melhor forma de iniciar o ano que com uma distração dessas: o amor.
Nosso romance começou como se iniciam os romances da pós-modernidade, com bastante empolgação e muitas mensagens de voz …também se encerrando como prometem esses mesmos tempos….durando um total de 1 mês e meio e 3 encontros.
Mas o o erro também não está aí, amigos. Sempre vou aconselhar que distraiam-se, o amor ainda será encontrado por nós.
O erro foi eu ter misturado o perfume, aquele perfume, jamais antes visto nas perfumarias dos destinos, com a minha distração. Digo isso porque resolvi estrear o frasco no nosso primeiro encontro. E como ele elogiou, decidi usá-lo novamente no segundo, sem pensar duas vezes em repetir a dose no terceiro.
E assim…o meu novo perfume ficou diretamente correlacionado a vê-lo.
Na verdade acho que ele se tornou mais dele do que meu, porque ganhou vida quando a gente começou a sair.
- mas veja bem, o que são 3 encontros para um perfume?
Não subestime o poder de um perfume, por favor.
Os relacionamentos são curtos mas duram o suficiente para criarmos narrativas e lembranças com cheiro.
O rapaz não era isso tudo, mas acho que ele ficou mais importante por nossos dias terem sido embalados pelo meu vidrinho transparente. Quando o borrifo, só lembro das coisas boas e fico pensando: por que acabou mesmo?
O fato é que agora tenho um potinho lindo de 300 reais no meu guarda-roupa que fica se questionando do porquê raios não saiu mais pra passear.
Como desvincular perfumes de pessoas que fizeram parte deles?
Meu conselho: não misturem frascos apaixonantes com paixões que não ficam.
Como saber? Jamais saberá.
Eu resolvi arriscar.
Fiquem bem <3
E se você está chegando agora, pode ser que curta também o 25º gole.
Um beijo,
Volto logo.