36 #trigésimo 
sexto gole
 
Oi, como vocês estão?
Vamos pro trigésimo sexto gole?
 
Vocês já pensaram que poderiam ser muitas coisas além do que são hoje?
Não digo que poderiam ser médicos, se não tem nenhuma afinidade com isso. Ou arquitetos (embora eu ame arquitetura) se não tem familiaridade com desenho. Tô dizendo coisas reais. Coisas que vocês não tem coragem de fazer, mas que….se batesse uma reviravolta no cosmo, poderíamos vivenciar aquilo agora.
 
Vem prosear comigo, pega seu café. 
 
. Eu nasci pra ter tatuagem. Juro. Daquelas que preenchem o ombro de significados até a metade do braço. Mas minha pele é sensível demais, acho que jamais se recuperaria da intensidade da agulha. Fora o medo de arrependimento….mas que eu nasci pra ter tatuagem, isso eu nasci.
 
. Eu seria uma boa maquiadora de festas e casamentos. Uma vez a Lucy foi lá em casa, antes de um casório, e em meia horinha ela estava belíssima. Até hoje ela fala que foi a melhor maquiagem que já recebeu - gentileza dela - mas que eu seria uma boa maquiadora, eu seria. 
 
. Sei fazer um molho de churrasco maravilhoso - que serve pra carnes, legumes, torradas e tudo de bom que dá pra comer. Em cinco minutos no mercado consigo comprar tudo e deixar o molho pronto em 2 minutos de liquidificador. Vai cebola, cravo, louro, tomate e outros segredinhos. Me escreve que eu te conto. Eu deveria vender esse molho ou dar de presente para os chegados. 
 
. Eu poderia ser loira. Cortaria o cabelo nos ombros e pintaria tudo. Mudaria completamente meu eu dos últimos 35 anos para clarear. Aproveitaria a loirice e andaria com os olhos pintados com uma sombra escura pra dar o contraste. Seria incrível. Me vejo loira até enjoar. 
 
. Eu poderia marcar de jogar sinuca aos finais de semana com amigos. Adoro sinuca. Jogo raríssimas vezes e me falta treino pra pegar a manha. Mas me dá uns minutos que, se eu treinar um bocado a mais, consigo acertar a bola mais vezes. Adoro a não pressa da sinuca. Ficar passando o giz na ponta do taco pra não escorregar na mesa, apoiar um copinho de cerveja na beirada e seguir jogando até madrugar. 
 
. Eu poderia trabalhar numa vinícola e receber turistas para conhecerem toda a história do plantio de uvas do local, explicar a diferença entre as safras e oferecer uma degustação na sequência. Eu faria novos amigos, colocaria batom vermelho todos os dias e seria a enóloga mais feliz que esse brasil já viu. 
 
. Eu moraria em outro país por 1 ano. Amo demais São Paulo e minha família pra largar pra sempre, mas 1 aninho seria suficiente pra arejar as arestas, os pés e a alma. Me dê essa chance que farei dela a melhor que eu alguém já teve.
 
E você meu querido/querida leitora? Qual sonho/habilidade te faria viver um outro modo de ti?
 
Depois que rascunhei o texto dessa newsletter, recebi na sequência a ótima newsletter da Sarah Germano em que ela cita uma frase de Hilda Hilst que diz “há sonhos que devem permanecer nas gavetas, nos cofres, trancados até o nosso fim”. 

De acordo com Sarah, alguns dos nossos desejos “são muito melhores apenas no plano das ideias do que quando se tornam realidade. O trabalho dos sonhos, enquanto apenas imaginação, não padece de defeito algum. O mesmo vale para mudar de casa, país, etc. Se você tiver sorte, terá um, ou alguns, sonhos que jamais se realizarão, que serão um refúgio imaginário, um porto seguro, para onde poderá fugir quando a realidade estiver difícil ou apenas chata mesmo”.
 
Faz muito sentido, né? Fechar os olhos e navegar por outros ares, mesmo que eles jamais aconteçam. Ainda que, um ou outro, mereça sua coragem para sair do papel. 
A gente, aliás, pode se encorajar juntos. 
 
Fiquem bem <3 
 
E se você está chegando agora, pode ser que goste de ler também o 30º gole. 
 
Um beijo,
Volto logo.
 
 
*Um rascunho perdido*
(textos meus escritos em algum lugar do passado) 
 
Eu ainda tenho o João na cabeça. Às vezes penso que somos um triângulo amoroso. Eu, você e o João. Você gosta de mim, eu gosto dele e ele quer ser amigo de todo mundo. Pena você não conhecer o João e, não ter nem a chance de saber como é o seu adversário. 
Meu adversário, na verdade. A única pessoa que luta aqui nessa história sou eu - contra um monte de sentimento que eu crio, reviro e tento acalmar.
 O fato é que, agora, eu estou aqui na frente do computador pensando se termino com você pelo facebook, pelo sms ou telefone. A minha vontade era chamar você pra vir aqui em casa, passar um café fresquinho e falarmos sobre o fim, dando risadas disso tudo. 
Nós saímos o quê? 10 vezes? Por que tem que ser tão difícil terminar essa história como se fôssemos casados há 15 anos e tívessemos 2 filhos? Passei o dia todo tentando descobrir como eu me desculpo por não querer ser sua namorada. Eu poderia ser mais descolada, eu sei. Ir levando, conhecer sua família, seus amigos, te acompanhar nos shows e continuar dizendo que você fica lindo de barba. Mas eu não vou fazer isso porque eu te respeito. Porque você é um cara legal. Porque eu gosto de você. E não te amo. 
 

Clara Vanali

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Sobre
 
Sou jornalista de formação, tenho uma produtora de vídeos como ocupação, mas aqui, nestes goles,  eu apenas escrevo. 
 Prazer, Clara Vanali ;)