Oi queridos,
como vocês estão?
É uma maluquice pensar no tanto de distrações e tecnologias que temos hoje e, na quantidade de telas e opções de entretenimento que nos é oferecido quando, nos anos 80/90, o que fazíamos pra passar o tempo era pegar uma cadeira e sentar na calçada pra conversar. Telefone fixo era um trem caro. Televisão trazia poucas opções. A gente não tinha o celular pra ficar olhando a cada 5 minutos. Éramos só nós mesmos.
Catanduva, cidade dos meus avós maternos - que já faleceram - é o lugar que mais me emociona, por ter sido uma época em que não nos faltava nada. Eu e minhas irmãs passávamos o fim de ano lá, e não tinha essa de viver e postar, de se arrumar e tirar foto pra publicar, de dar dicas de lugares ou ficar acompanhando o que os outros estavam fazendo. Estávamos lá e pronto. Não existiam redes sociais. E olhando hoje de longe, sem querer exaltar o passado mas só pensando na simplicidade da época, não consigo pensar num período mais feliz de vida.
A gente brincava a tarde toda e, lá pelas 17h, tomávamos banho e íamos pra sorveteria da minha avó. Puxávamos uma cadeira e sentávamos com meus avós e com os conhecidos deles, que se juntavam a nós na calçada da sorveteria. E como a gente vivia sem ter um celular na mão? Não sei, mas os momentos eram os mais importantes. Hoje é uma loucura vislumbrar que a gente conversa com as pessoas com um aparelho do lado (como se respirássemos com a ajuda de aparelhos) checando se alguém mandou um whats app ou curtiu nossa foto no instagram. Onde foi que a gente se perdeu?
Eu não sei o porquê éramos felizes, mas éramos. A praça principal da cidade ficava na frente da sorveteria e, em um determinado momento da noite, íamos dar uma volta por lá, comprávamos pipoca, algodão doce, e entrávamos na igreja pra ver o presépio montado pra noite de Natal. A gente não vivia pra mostrar a ninguém, a gente só vivia mesmo.
Nossa infância ficou marcada em Catanduva como as três netas mais felizes que alguém já viu na casa dos avós. Já adulta, em 2008, quando a minha avó morreu de repente, foi o pior dia do mundo. A morte dela colocou um ponto final na nossa infância fazendo de toda lembrança, a partir daquele dia, triste. Minha mãe me disse que o lado mais difícil da morte da minha avó é nunca mais poder falar com ela. E acho que a morte arrebenta justamente por isso, porque a gente nunca mais vai falar com a pessoa. Foi e pronto. Acabou e você que lide com suas memórias.
Eu comecei o texto falando de tecnologia e terminei falando da minha avó porque, no fim, só queria me lembrar que é dos momentos mais simples que a gente vai ter saudade depois. É de sentar na calçada e puxar papo tomando sorvete. É de falar besteira com os avós, brincando com seus cabelos ralos.
É estar presente nos lugares sem esperar mensagem de ninguém.
Somos felizes hoje? Não sei. Mas a gente finge bem no instagram.
Fiquem bem <3
E se você gostou desse texto, dá uma passada lá no 40º gole.
Um beijo,
Volto logo.