Oi queridos,
tudo bem?
Uma semana atrás, um cara que me segue no instagram me chamou pra um café. O meu desconhecimento pelo interesse dele era tamanho, que eu nem o seguia mais. A gente deve ter se trombado em algum aplicativo de paquera no passado e aquele contato ficou ali, junto a outros cadáveres de aplicativos de relacionamento que não vão pra frente.
Cheguei uns minutinhos adiantada na livraria que combinamos, mas a livraria baixou as portas assim que eu me aproximei, porque estavam com medo de algum bloco de carnaval invadir o lugar. Mandei mensagem pra ele avisando, e em poucos segundos, ele apareceu na minha frente. Me deu um abraço forte como se a gente já se conhecesse há um tempo, e sugeriu irmos pra algum bar que estivesse aberto.
De cara assim, achei muito bonito o moço. Malhado, bronzeado, esportista, cabelo perfeito. E sempre que alguém muito bonito quer sair comigo eu fico achando que é um ator contratado. Não é desvalorizando minha autoestima, é só porque não faço o perfil peito/bunda grande e barriga trincada. Me arrependi até de não ter avisado isso antes pra ele, como quem diz: olha, talvez eu não te acompanhe na subida ao Himalaia porque faço mais o estilo caminhada tranquila com água de coco. De qualquer forma, ele tinha meu instagram, e é só rolar o meu feed pra ver que uma pessoa bem normal de 1,54m habita em mim.
Pois com a livraria fechada, sentamos no primeiro bar que vimos pela frente, como duas pessoas que querem desesperadamente quebrar o gelo de nunca terem se visto antes.
Ele pediu uma caipirinha, eu pedi uma cerveja. Gostaria que fosse um encontro mais regado à café que a álcool, mas pra abrandar a timidez, lá fomos nós. Começamos como se começam as entrevistas de emprego em que cada um conta em resumo sua vida nos últimos 35 anos, ele tem um filho pequeno, quer ter mais / e eu não tenho filho e não quero mudar de ideia. Ele me perguntou como estavam minhas interações em aplicativos de paquera e eu respondi que desinstalei os apps por falta de tempo, quando na verdade queria ter dito que desinstalei por descrença mesmo.
Aos poucos, enquanto ele falava, fui percebendo que aquele cara bonito abrigava um monte de coisa mal resolvida…e tá tudo bem….a vida é uma bagunça mesmo, só que ambos tentávamos nos encaixar em dois perfis de vida completamente distintos. Ele recém separado, claramente procurando algo casual e eu nitidamente fugindo de qualquer casualidade desta vida. Ele querendo curtir, eu querendo alguém pra ir no supermercado comigo. E ali, tentando não me desconectar tanto dele, me vi contando pequenas mentiras como ah sim, relacionamento tem que ir aos poucos, sem criar expectativas, quando na verdade eu queria dizer
essa vida acaba e sem expectativas a gente deixa de sonhar.
De mentira em mentira, não fomos nós mesmos. E percebemos que não éramos um pro outro naquela mesa de bar. Minha vontade era a de interromper toda aquela cena, dar um abraço nele e dizer: onde foi que a gente errou nesta vida, por ainda não termos encontrado alguém para sermos felizes?
Essa sinceridade teria nos aproximado bem mais do que qualquer tentativa de parecermos perfeitos.
Fiquem bem <3
Se você gostou deste texto, venho com muita emoção comunicar que - finalmente - todos os goles desta newsletter, A PARTIR DE AGORA, estão reunidos em um só lugar (www.claravanali.com.br). Fiz o site sozinha então, se perceberem algum erro de navegação, me avisem, que eu tô aprendendo a mexer nesse trem.
Eu sei que eu deveria estar no Substack (onde todas as newsletters estão) mas em algum momento me apeguei a essa plataforma da Flodesk e, pra ter todas as minhas newsletters reunidas em um só lugar, tive que criar um site. Me amem, dei tudo de mim.
Divulguem o site para os amigos <3 Lá tem todas as newsletters em que falo dos dias, de saudades, de arrependimentos, de faltas, de vinhos bebidos e compartilhados, entre e aproveite.
Vou amar saber o que você achou do gole de hoje e do site novo.
Me escreve?
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Um beijo,
Volto logo.
