Oi queridos,

 

Às vezes me pego justificando para as pessoas do porquê eu não aplico botox.

Eu não sei bem como isso começa mas, entre um papo e outro, um pitaco e alguma confissão, esse assunto surge na roda e eu me vejo aflita pensando se a pessoa que está na minha frente reparou que tenho rugas entre as sobrancelhas que, a depender do cansaço, ficam ainda mais marcadas. 

 

Todo mundo está aplicando botox, vamos ser sinceros. 

Rugas estão em extinção. 

Se você vê alguém com mais de 35 anos sem riscos na testa é botox. 

E nada contra. Sinto inveja.

Se eu não tivesse tanto medo da substância provocar uma reação e necrosar minha pálpebra, descendo até meu nariz, sei que poderia voltar rapidamente ao meu rosto de 28 anos apenas com a visita de agulhas mensais. 

 

Mas e se eu não quiser? 

E se eu preferir só envelhecer? Ainda pode? 

Outro dia minha irmã comentou que viu o ator Vladmir Brichita em um programa de TV e por um momento pensou: nossa, como ele envelheceu. Mas depois refletiu e, não, pera, ele tá normal, só está envelhecendo como uma pessoa sem botox. 

O fato é que está todo mundo com o rosto tão liso que, quando a gente vê alguém que não aplicou nada, ela aparenta ser mais velha do que realmente é. 

 

Vladmir pareceu velho. VE-LHO. Porque sim, ele está envelhecendo. Nós também. Por que a gente tem tanto medo dessa palavra?

 

A gente envelhece e as coisas vão caindo mesmo, desculpa qualquer coisa. As bochechas perdem gordura, a linha ao redor da boca fica marcada, a testa riscada, os pés de galinha preenchem os olhos e a gravidade vai, como quem não quer nada, agindo. 

 

Me pego refletindo muito do porquê da gente não querer envelhecer. Acho que temos medo de ficarmos invisíveis, como se a idade nos fizesse cada vez menos interessantes. Divagações. Não estou entrando aqui no mérito das nossas histórias, experiências e amadurecimento de vida. Não. Esse texto é sobre rugas. 

 

Consulto numa dermatologista muito sincera que diz que cremes com ácido hialurônico não retardam o aparecimento de linhas de expressão de ninguém. 

Sabem aqueles produtos com ação anti-envelhecimento? Pois bem, existem só pra te iludir. O que adianta mesmo é protetor solar e um hidratante, que nem precisa ser do mais caro, mas que vai ajudar a aliviar o ressecamento natural da pele. 

 

Por isso botox é tão quisto, porque ele “tira” as marcas do nosso rosto na hora. Uma picadinha e bum! Olha aí o viço da juventude voltando.

 

Eu também queria, amigos, ficar com as bochechas firmes e preenchidas pro resto da vida. O tempo não para pra ninguém, daqui é só pra baixo. 

Mas não vai dar pra mim. Se eu tiver a sorte de viver muito, serei uma senhora que escreve newsletters, lê livros com a taça de vinho na mão, usa batom vermelho e tem um rosto enrugado.

 

Não parece ruim, né? ;) 

 

Fiquem bem <3 

 

 

 

Um beijo,

Volto logo.

 

 

 

 

 

domingo. antes do pôr do sol fez um fim de tarde tão bonito. ensolarado de frio.

tomei um banho quente, sequei uma parte do cabelo. calcei chinelos e uma calça de moletom confortável que meu pai esquecera em são paulo.

espero que ninguém se importe que eu esteja com um pouco da maquiagem do sábado à noite, havaianas e um agasalho maior do que eu. 

não. as pessoas olham pouco umas pras outras em são paulo. o único lado bom disso é que posso me vestir como se eu estivesse andando sozinha na rua. 

fui até à banca de revistas, me encostei em cima do viaduto com um vento gelado passeando nos cabelos ainda molhados. 

dia bom pra deslumbrar o à toa. o tempo livre.

falaram do nosso projeto, vidas em transição. saiu na bons fluidos de abril. e disseram tudo

com tanto carinho que o domingo ficou ainda mais significativo. e acho que aconteceu algo porque, de fato, eu me desacostumei com o acostumado. e então, ultimamente, fico achando tudo assim. novo, fresco, maravilhoso. os prazeres todos. o dia inteiro.