74 #septuagésimo
quarto gole

 
Oi queridos, tudo bem?
 
Sempre dizem que quando você passa por uma situação de quase morte, você repensa a sua vida e começa a traçar caminhos pra seguir de outra forma a partir dali. 
 
Mas para mim foi diferente. Vinte dias atrás, quando eu estava no hospital por conta da embolia, eu só queria voltar pra minha vida comum. Não sonhava em estar na praia, em uma festa bonita ou na Europa tomando um drink. Eu só desejava acordar de novo em uma manhã de domingo, fazer meu café e ler o jornal impresso, comendo a melhor refeição que já inventaram, pão com manteiga.
 
Conversando sobre isso com meu amigo Tom, ele me falou algo que fez muito sentido: beber água parece ser uma ação tão sem graça, mas é só ficar com sede pra perceber a falta que ela faz. 
 
Nem tudo precisa ser extraodinário pra ser bom. Acordar, trabalhar, ir ao mercado, responder e-mail, pensar no almoço, preparar a janta, ver uma tv, puxar a coberta pra cobrir os pés no sofá, escovar os dentes, pentear o cabelo, passar batom, resolver o problema do chuveiro, abrir a janela pra entrar mais sol, sentar na varanda, não fazer nada, fazer mil coisas ao mesmo tempo, calçar o tênis, lavar as meias, viver o comum…com minha independência, minhas escolhas e pessoas amorosas por perto…isso é ótimo, e era só nisso que eu pensava. 
 
A minha vontade era retornar para a, às vezes, nada emocionante rotina. O comum acolhe e a gente se esquece dele. A paz no coração não está só garantida quando estamos de frente pro mar. 
 
Eu amo os meus dias e respeito a dureza que tem uma segunda-feira comparada a uma sexta. Eu gosto de trabalhar com as minhas irmãs ao meu lado, em ter uma empresa com pessoas do bem aprendendo e crescendo junto. Me conforta escrever vamos teclar pra minha mãe à noite, pra gente ficar falando desimportâncias no whats app. Adoro receber recados da Ju, não desistindo de mim aos sábados à noite. Em trocar memes com o Edvin. Em cantar músicas bestas pro meu sobrinho no facetime. 
Eu gosto de fazer orçamentos e vibrar quando a gente fecha um trabalho. Em trocar indicações de bossa nova com meu pai pelo violão. Em comer banana com canela à tarde. Em assistir filmes que me fazem chorar de tanta lindeza. Adoro descer a pé até o Ibirapuera, tomar uma água de coco e comer um lanchinho por lá mesmo. Sou muito fã de lavar a cabeça e esperar tudo secar na toalha, enquanto tô deitada na cama olhando o celular. 
 
Valorizo muito grifar as partes dos livros que eu gosto. Em combinar com a Natali de assistirmos Tom Cruise no novo Missão Impossível. Em passar maquiagem só pra dar uma volta no shopping. Em ir até a loja de tintas pra revirar o catálogo deles enquanto escolho a nova cor pra parede da tv. 
 
O comum é maravilhoso, obrigada. 
 
E não é que eu não goste dos ápices….eu conheço o alvoroço que grandes picos de emoção causam na gente. Mas depois de ter ficado doente, eu agora entendo, que eu só preciso do que eu já tenho, isso é perfeito pra mim. 
 
Como está o comum de vocês por aí? Vocês olham pra ele com carinho? 
 
Fiquem bem <3 
 
Todos os goles passados estão disponíveis para leitura lá:  www.claravanali.com.br 
Em especial, você pode gostar do gole 67.
 
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Um beijo,
Volto logo.
 
 
 
Um rascunho perdido
(mensagens trocadas com minha irmã Natali)
 
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Clara Vanali

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Sobre
 
Sou jornalista de formação, tenho uma produtora de vídeos como ocupação, e aqui, nestes goles, eu apenas escrevo. 
 Prazer, Clara Vanali ;)