11 #décimo 
primeiro gole
 
Oi, tudo bem por aí?
Bora pro décimo primeiro gole? 

Depois do décimo gole eu fiquei pensando no quanto a gente mesmo se barra quando escreve algo público (alô flows, já aconteceu isso com você?)
Quanto um escritor consegue ser ele mesmo sem se colocar filtros e sem se auto julgar antes de levar aquele texto aos olhos de outras pessoas? Eu acho impossível sermos escritores totalmente livres. Talvez num livro autobiográfico a gente consiga se soltar mais (será?) Mas me parece que, ainda assim, a gente tá sempre colocando umas arestas para que os leitores não percebam o tamanho da densidade de sentimentos que habitam aqui dentro.
 
Isso de certa forma me paralisou na semana passada. Escrevi a newsletter mas fiquei na dúvida se tinha dito muito. Resolvi editar e me pareceu superficial. Na dúvida, não publiquei. Mais vale um coração em paz que um texto acanhado pelo mundo.
 
Dito isso, bora se abrir - sem se abrir muito. 
Minha irmã esses dias me perguntou porque eu não volto a ter amizade com uma amiga de infância que me foi muito próxima. Daquelas em que a gente não se desgrudava, brincava em casa, foi em todos os meus aniversários, compartilhou conflitos adolescentes, amorosos, estudantis para então…..zero contato na vida adulta. Da minha parte e da dela. Cada uma trilhou seu caminho e foi. Hoje a gente se segue nas redes sociais, deseja o melhor, mas nem pensa em reativar o sininho da amizade. 

Eu perdi contato com todos os meus amigos do colégio. O tal do "amigos para sempre" não vingou. Cada um foi pra uma cidade, seguiu outro rumo e as coisas passaram. Mas quando será que esse vínculo foi perdido? Quando deixamos de ser interessantes uns para os outros? 

Em 2017, minha turma da oitava série resolveu fazer um reencontro. Foi divertidíssimo, relembramos histórias, alguns levaram os filhos, marido, esposa...mas eu só me lembro de olhar para um dos meus ex-amigos, o Thiago, e pensar: por que foi que a gente parou de se falar mesmo? Eu o adorava, éramos muito próximos, sentamos um ao lado do outro por anos na sala de aula até que...nada. Acabou.
 
Será que amigos são uma sustentação para fases específicas da vida? 
E eles vão embora porque as ocupações vão substituindo o nosso tempo com outras pessoas?
 
Alguns poucos ficam, eu sei (alô vanessa, lucy, sabrina...). E tem aqueles que mesmo a gente não se vendo sempre, sabemos que estão ali pra segurar na nossa mão se tudo desabar (alô gabriel, thiago…). 
Mas é inevitável não se pegar pensando como alguns laços que foram tão fortes não resistiram às novas fases, trabalhos e ciclos. Enfim, já tentaram refazer um laço desfeito no passado? Será que dá samba?
É possível fazer novos amigos depois dos 30? Ou de certa forma a gente se apega a quem ficou e se acostuma a uma vida com um círculo pequeno de interações sociais?
 
Enfim, aproveitando o tema, o Du Lemos, um amigo da faculdade que eu admiro demais e que fez parte de uma fase maravilhosa da minha vida (e que é só chamar que eu atendo), lançou uma newsletter em que ele conta sobre suas vivências musicais em Londres. Vale a pena ficar de olho porque tudo o que ele escreve é cheio de poesia e sentimentos sinceros. 
 
Mudando de assunto.
Uma das melhores decisões que eu tomei foi assinar o Youtube Premium. Adoro ficar vendo vídeos, clipes e shows na plataforma e confesso que esbarrar com uma propaganda no meio do vídeo toda hora era um saco. A assinatura é baratinha, R$ 20,90 por mês. Pode pesar um pouco se você assina muitos streamings por mês, mas dá um sossego no coração apertar o play sabendo que não virá um anúncio a qualquer momento. Nessa vibe, tenho descoberto vários clipes legais. Um que eu amei a vibe foi “Aguei” da AnaVitória - em que o diretor coloca uma câmera giratória no meio da mesa enquanto os participantes brincam de jogo da verdade ou desafio. Eu adoro clipes que não são mega elaborados - embora ainda assim sejam muito elaborados - mas que dão esse ar de caseiro e de que qualquer um poderia reproduzir. Aqui tem os bastidores do clipe.
 
Se você curte receber essa newsletter que chega - quase - todas às terças, manda o link do botão preto abaixo (recomende essa newsletter) para alguém que também possa se identificar com essas divagações. 
 
Também pode me escrever respondendo este e-mail, vou adorar :) 
E se você que está chegando agora, talvez goste de ler o Terceiro Gole. 
 
Um beijo,
Volto logo.  
 
 
 
*Um rascunho perdido*
(textos meus escritos em algum lugar do passado) 
 
Sonhei que eu sabia que estava sonhando.
E por saber que estava sonhando, pedi um cachorro.
E com o cachorro pedi uma estrada em linha reta com jardins.
Corremos por ela, eu, o cachorro e mais um monte de gente que ia 
aparecendo no caminho. Elas tocavam flautas, violinos, e jogavam basquete
 na quadra ao lado – que eu também pedi.
Apontei pro céu e pedi algumas folhas caindo.
E comentei com um cara do meu lado que eu sabia que estava sonhando. 
Ele sorriu. Eu o beijei.
E parti com meu cachorro. De braços abertos. 
Correndo para os nossos sonhos, transformando tudo em movimento.
O celular tocou. Acordei.
E me lembrei que sonhava.
E sabia que estava sonhando.
 

Clara Vanali

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Sobre

 

Sou jornalista mas penso que ser jornalista é mais sobre investigar. Ser escritora é mais sobre observar. Aqui, me sinto mais escritora do 

que jornalista. Prazer, Clara ;)