No fim de domingo que me restava no interior, deitada na cama, após quatro dias de mãe, pai, irmã e gato, senti saudades de São Paulo.
Estou ficando louca – pensei.
Este é o meu sétimo ano aqui, nesta cidade maluca. Por vezes insuportável.
7 anos neste lugar em que levei 2 meses para deixar de chorar embaixo do chuveiro e
3 anos para me sentir em casa.
São Paulo era um mundo em que imaginava ser impossível de se comprometer e
quanto menos de ter saudades.
E hoje, apegada a esse lugar, acho que só viveria bem em outra cidade se ela tivesse metade das coisas que existem aqui.
São Paulo.
Nenhum lugar me deu tanta liberdade e me acolheu com tantos amigos e opções.
Tem gente que só fala do trânsito e da distância para se chegar nos lugares. Eu me canso desses assuntos. Viver aqui é além do que conviver com os carros.
Eu quero falar sobre um espaço que tem um ar de novidade todos os dias,
mesmo com a repetição da vida.
Sair de manhã com o sol no pico e as mangas da camisa dobradas até o cotovelo.
Voltar do trabalho à noite, com as mesmas mangas, desta vez esticadas, para que protejam a pele e o corpo da garoa e do frio.
Ler jornal enquanto o táxi desliza a Avenida Paulista em direção à Rebouças.
Criar a minha própria trilha sonora enquanto o ônibus cruza a Dr. Arnaldo cheio de pessoas com um punhado de sonhos que ainda estão para correr.
Esbarrar com um conhecido todos os dias e, conhecer cafés de rua espalhados pela cidade - que acolhem assuntos, fossas, reencontros e comidinhas.
Nenhum adulto pode-se dizer pronto para a vida sem antes ter morado aqui. De preferência sozinho - para sentir o que é ter inspirações e histórias para contar a todo momento.
Nunca fui aquela pessoa que adora praia e troca as ruas de asfalto pelas de terra. Ou que substituiria São Paulo pelo Rio de Janeiro. Eu gosto de desse caos de desencontros, desse mundo que não me coloca na mesmice.
Eu gosto disso aqui.
Das nuvens que não se aguentam paradas e desse mar de gente que fica o dia todo fora, quando o que elas mais querem, é encontrar a família ao voltarem pra casa.
São Paulo.
