Oi queridos, como vocês estão?
Vamos pro trigésimo oitavo gole?
Fui num hospital essa semana entrevistar um médico para um vídeo institucional e, enquanto meu assistente preparava a câmera, o médico não tirava os olhos do computador, respondendo um e-mail atrás do outro - certamente com muitas coisas para resolver. Quando finalizamos a entrevista, o médico novamente se voltou para o computador e seguiu digitando por mais muitos e longos minutos.
Me vi olhando para aquela cena. Tudo acontecendo ao redor e ele com os olhos focados na tela como se aquilo não pudesse esperar. E, de fato, talvez não pudesse mesmo. Mas lá no fundinho, tive vontade de falar: Oi, desculpa atrapalhar, mas você sabia que vamos todos morrer? E que quando morrermos nenhum e-mail será mais importante que o tempo que perdemos por não aproveitarmos lá fora?
A vida acontece na rua, já dizia um amigo meu.
Fiquei julgando aquele médico mas percebi que faço o mesmo. Passo tanto tempo resolvendo coisas no escritório que, quando me noto, termino o dia com a cabeça pesada e com a sensação de que perdi os dias.
A verdade é que as nossas melhores lembranças nunca serão no sofá assistindo uma série. Ou durante uma reunião no Teams. Rolando o dedo no instagram. Editando um vídeo por horas no Premiere. Fazendo e refazendo cronograma. Respondendo um e-mail atrás do outro. Isso não fica. As lembranças de tela evaporam.
Quando eu trabalhava no mundo corporativo e tínhamos algum feriado como Páscoa ou Carnaval, eu pedia pro meu chefe um dia a mais para poder ter um pouco mais de tempo com a minha família no interior. Ele não gostava muito porque achava um absurdo eu pedir um dia além do feriado. Hoje, eu fico pensando o que aqueles míseros dias em que eu não trabalhei significaram para a empresa. Nada. Já os meus dias em Araçatuba ficaram comigo.
Porque é isso. Os nossos melhores domingos nunca serão aqueles em que tivemos que ir pro escritório resolver pendências. Ou aqueles que não vimos passar por causa de um orçamento.
O domingo que vai ficar será aquele em que brincamos de dinossauro com o sobrinho; ou o que passamos à tarde toda conversando embaixo do pé de jabuticaba; e aquele em que cozinhamos juntos sem ter horário fixo para almoçar.
Você jamais vai se lembrar da sexta à noite em que trocou o drink pelo relatório. Mas vai sim se recordar com carinho, daquela festa que colocou o seu vestido mais bonito e virou a noite sem ver a hora passar.
Não percam os dias de rua, queridos. Pensem, sempre que puderem, se o momento que estão vivendo vai virar lembrança ou se esvaziar. O que parece importante neste minuto pode virar poeira depois.
Fiquem bem <3
E se você está chegando agora, pode ser que goste de ler também o 33º gole.
Um beijo,
Volto logo.