54 #quinquagésimo
quarto gole
 
Oi queridos, 
como vocês estão? 
 
Sumi um pouco porque fiquei com a sensação de que após 53 newsletters ininterruptas, fora todas as outras que vocês assinam, muito já havia sido dito. E eu precisava de um intervalo pra voltar a me colocar novamente. Pois cá estou, já agradecida por terem aberto este e-mail, sem o julgamento de por onde foi que eu andei. 
Então vamos de prosa? Eu já estava com saudades disso. 
 
Faz tempo que não sonho. No sentido de planejar coisas. De pensar no que quero pra minha vida. A pandemia me deixou desgostosa de planejamentos porque, quando ela veio, me trouxe a seguinte mensagem: planeja o que tu quiser, só que não adianta porque, se eu quiser, te tiro desse mundo num piscar. 
Já passamos a pandemia, mas a falta de planejamento ficou. Percorri esses últimos 3 anos vencendo um dia atrás do outro, vivendo mais o planejamento dos outros do que o meu. Preenchi meus dias com a programação da agenda dos clientes, dos trabalhos que me apareceram. E não que isso seja ruim. Agradeço ao trabalho por ter movimentado minha agenda e ter me mantido ativa frente a muitos projetos legais. Mas agora, que um novo ano se aproxima, tô com vontade de sonhar de novo. De planejar viagens, de voltar pra 
academia (pasmem), de sair pra paquerar, conhecer gente, voltar a estudar, ter tempo pros meus livros. Quero voltar pra mim e retomar a esperança de que vale a pena sonhar de novo. 
 
Vi esses dias um vídeo da Lela Brandão, empreendedora que acompanho nas redes, ensinando a fazer um mapa dos sonhos. E fiquei pensando que não coloco num papel algo que quero pra mim há anos. E indo mais a fundo, se eu não paro pra pensar no que eu quero pra minha vida, quem vai pensar por mim?
Não sou dos esoterismos, dos signos, da lua. Mas veja bem, esse universo percorre o nosso curso de vontades, ele flui conforme a energia que a gente coloca em cada intenção. E assim, os sonhos que a gente esquece e ignora, não se iluminam. Cheguei até a pensar que não tinha mais sonhos, que era incapaz de planejar o futuro novamente. Juro. Mas aí, ao pegar uma folha de papel, me veio um monte de coisas na cabeça que eu tinha esquecido que  gostaria de viver. 
 
Um dia recente, em Araçatuba, perguntei pros meus pais: qual idade vocês acham que é o auge de uma pessoa? Meu pai respondeu com todas as letras: 45 anos. 45 anos é o auge. Você tem independência financeira, já está com a vida mais estável, com os sonhos se encaminhando, sem grandes problemas de saúde, se sentindo o dono do mundo. 
Achei de uma boniteza isso. Ele, um homem de 70 anos, me dizendo que o auge é aos 45. O dele. Isso não vale pra todo mundo. Mas há de se ter muita humildade pra se permitir declarar que o auge é um tempo que já foi. 
Fiquei pensando qual seria meu auge, ou se a gente tem vários auges na vida em que as estrelas se alinham pra gente viver o Dharma. 
Será que eu não estou enxergando que depende mais de mim, do que de qualquer outra pessoa, viver esse auge? 
 
A gente já vivenciou muita coisa boa, vale exaltar. E vale também se entender melhor com o tempo presente, algo com o qual eu quero me reconciliar. Desejo, de todo meu coração, dedicar mais tempo a pensar se estou vivendo os dias que gostaria de estar vivendo. Quais sonhos estou esquecendo pra trás? Qual desejo vale a pena resgatar e pensar melhor sobre? 
Confesso que espero um 2023 menos de ir levando e mais de estou fazendo exatamente o que gostaria de estar fazendo.
 
E vocês, ainda sonham?  
Vou amar muito receber o e-mail/abraço de vocês novamente. 
 
Fiquem bem <3 
 
PS: a foto desta edição foi tirada pela minha mãe, no rancho, em Araçatuba. E isso me lembra o quanto estar em contato com a natureza me faz feliz - algo que quero mais pros meus dias também.
 
E se você está chegando agora ou tem saudades de textos anteriores, te convido a ler o 50º gole. 
 
Um beijo,
Volto logo.
 
 
 
Um rascunho perdido
(textos meus escritos em algum lugar do passado) 
 
Image item
 
maragogi, alagoas. que eu quero há tanto tempo.
amor antigo daqueles que demoram, rodeiam, esperam, mas que quando acontecem, trazem tudo.
cancela a semana que eu tô me deslumbrando. 
imensidão azul pra mergulhar e esquecer.
eu que não quero casar, aqui eu caso. 
eu que não quero ter filhos, aqui eu tenho.
eu quero tudo. 
vou levar essa água pra são paulo e transformar a paulista num grande mar.
dentro de mim só tem azul. 
 

Clara Vanali

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Sobre
 
Sou jornalista de formação, tenho uma produtora de vídeos como ocupação, mas aqui, nestes goles,  eu apenas escrevo. 
 Prazer, Clara Vanali ;)