45 #quadragésimo
quinto gole
 
Oi queridos, 
venham comigo nesse quadragésimo quinto gole. 
 
A covid tem 3 fases.
A primeira é a da negação. Você não quer acreditar que está com a doença e, quando começa a sentir uma arranhada na garganta diz pra deus e pro mundo que foi por conta do “sereno” que você pegou na noite anterior. 
 
A segunda fase é a da culpa (a que eu estou no momento em que escrevo esta newsletter). Nesta, eu em específico, repasso cada segundo da minha última sexta-feira em que, em vez de ficar em casa, decidi ir a um bar com uma amiga.
 
A terceira é a do perdão a si mesmo. Que eu não sei como é porque ainda não cheguei lá.  
 
Falando da fase que eu estou agora, fico pensando porque é que eu não errei em 2 anos e meio de pandemia e fui errar justo no final de semana que antecede um encontro com pessoas da minha família - que moram perto de Minas Gerais - e que eu não vejo há anos. 
 
Tenho um lema próprio que diz “ninguém escolhe ficar doente”, mas a covid te faz acreditar que você escolheu. Que você tirou a máscara, ficou no meio de pessoas sem máscara e tomou um drink despreocupada enquanto pensava “a vida é uma só”. 
Pois então coloquei meu rabo entre as pernas, chamei minha mãe no whats e contei que não poderia ir mais ao encontro dos parentes, já que positivei fisico e emocionalmente, num momento em que eu achava que não poderia mais pegar esse trem. 
 
Mas peguei, amigos. Porque ganhar segurança é uma merda. É como andar na paulista com o celular na mão. Está tudo sob controle quando, de repente, alguém passa e leva. 
Pois eu fiquei esses anos de pandemia evitando cada mísera vida social que fosse muito preocupante, pra acabar caindo no poço quando me assegurei que eu tinha imunidade demais pra ser pega. 
E não foi nada além. Não foi uma aglomeração. Não foi uma balada. Foi um bar inocente de alguém que queria tomar um ar fresco e não ficar na frente da tv no feriado.
 
But that's it. A realidade é dura. É impossível sonhar, já diria eu à minha mãe naquele whats app. A sorte é ter uma mãe espetacular que me responde dizendo que impossível é viver sem sonhos. O que me faz pensar que não posso desistir a cada passada de perna que chega e me derruba. 
Seguimos nos cuidando, tomando as vacinas, evitando aglomerações, protegendo os nossos…mas um dia, um belo dia, no conforto do seu lar, algo vai te dizer: vai pra rua, porque é nela que a vida acontece.
Nessas, às vezes a gente se diverte, e nos tempos atuais, às vezes pega covid. A gente não escolhe. A gente avalia e se dá a chance. Pode dar certo, como também pode dar sintomas. O pior sintoma, no entanto, é parar de sonhar. Porque os dias, por mais difíceis que nos pareçam, ainda desejam que a gente os aproveite. 
Fé.
 
Fiquem bem <3 
 
E se você está chegando agora, pode ser que goste de ler também o 43º gole. 
 
Um beijo,
Volto logo.
 
 
*Um rascunho perdido*
(hoje dedicado a outra troca de mensagens com a minha mãe) 
 
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Clara Vanali

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Sobre
 
Sou jornalista de formação, tenho uma produtora de vídeos como ocupação, mas aqui, nestes goles,  eu apenas escrevo. 
 Prazer, Clara Vanali ;)