Oi queridos,
como estão?
Me desculpem se eu fiquem
monotemática com a covid, mas essa doença gerou várias reflexões aqui dentro, que me fizeram pensar sobre um monte de coisas. Prometo que, depois de hoje, não volto a falar disso tão cedo.
Eu já estou bem, aliás. Não posso deixar de dizer que me senti muito aliviada por ter tido sintomas apenas de uma gripe forte, e o quanto fez diferença estar com 3 doses de vacina no braço.
Mas é impossível não se abalar. A covid vem com um peso de 670 mil pessoas que já morreram e a de muitas outras que pegaram lá no comecinho e não tiveram sintomas tão brandos.
A covid vem com medo. Ninguém pega e diz: ah, foda-se. Você pega e é derrotado emocionalmente. Se sente frustado. E não sabe o que vai virar esse trem dentro do corpo que, até dias atrás, estava bem.
O fato é que, no meio do meu processo com covid, fiquei muito revoltada. E me perguntando porque a síndica do meu prédio, que ama o Bolsonaro e não usa máscaras - nem nas piores fases das variantes - ainda não pegou. E parece que esfrega na minha cara que tá se lixando pra pandemia, já que não precisou comprar uma nimesulida até agora.
Nessas, virei pra minha irmã que mora comigo e falei: - eu não me conformo de ter pegado, não me conformo.
e ela:
- e por que não se conforma? por acaso você é especial?
Não. Eu não sou especial.
Verdades duras de engolir. Por que eu não pegaria?
Não somos especiais. Ninguém é. Todo mundo é um mísero grão de areia numa realidade dura de existir.
É que eu estava numa fase boa comigo mesma.
Eu era a dona do mundo (do meu mundo, pelo menos). Tocando trabalho, vida pessoal, social e existencial de forma tranquila no coração. Nada podia me derrubar.
E aí vem a covid e fala, peraí mocinha, vamô ficar doente aqui uns 15 dias pra você voltar pro chão.
E nessa, você perde aquela segurança toda e desaba feito pano de prato molhado.
Perdão pelo drama. Fiquei emotiva e no inverno tudo parece pior.
Fiz esse trelêlê todo só pra lembrar vocês - e eu - de que a vida está sempre nos mostrando que não temos o controle de nada.
Mas pra gente sair da desilusão e terminar este texto mais cima do que pra baixo, quero exaltar aqui que, embora a gente não saiba pra onde está indo, estamos juntos. Fiquei doente e recebi mensagens diárias de amigos perguntando como eu estava; me vi acompanhando os sintomas de amigas, que estavam com covid na mesma época que eu, pra passarmos por essa juntas; e me derreti em docinhos carinhosos que chegaram pra ensolarar os dias de isolamento. Além disso, apesar das incertezas dos dias, gosto sempre de levar comigo uma frase boa da minha mãe que diz: previna-se dos riscos e o resto deixa rolar.
Aliás, como tá rolando por aí?
Fiquem bem <3
E se você está chegando agora, pode ser que goste de ler também o 36º gole.
Um beijo,
Volto logo.