66 #sexagésimo
sexto gole
 
Oi queridos,
tudo bem?
 
Numa newsletter passada eu falei um pouco sobre como crescer pode ter bem menos pessoas e altas emoções do que imaginávamos, e recebi o e-mail de um monte de gente que se identificou com o silêncio das manhãs de quem, por ventura, mora sozinho ou não construiu família. 
 
O fato é que um amigo querido me sugeriu um texto do Financial Times, traduzido pela Folha, com o título Precisamos redescobrir a arte de não fazermos algumas coisas, que muito me fez pensar sobre o valor de se criar espaços e não necessariamente preenchê-los com atividades/pessoas o tempo todo. O artigo citava um livro em que o escritor dizia “É inevitável que você acabe tendo desempenho insatisfatório em alguma coisa, mas o grande benefício do desempenho insatisfatório estratégico é que você foca seu tempo e energia mais efetivamente”. 
Fiquei curiosa e resolvi comprar o livro citado na matéria pra ler um pouco mais a respeito. 
 
O livro se chama Quatro mil semanas e me conquistou por não ser um auto-ajuda tentando me convencer a otimizar meu tempo a qualquer custo. Ele diz o seguinte: não importa o que fizermos, se vivermos até os 80 anos, não vamos passar de 4 mil semanas de vida. Pouco né? Dificilmente faríamos essa conta assim, em semanas, mas o autor fez o cálculo e chegou a esse número assustador. 
Ele desenrola dizendo que na nossa mente estamos sempre pressionados, seja por fatores externos ou por nós mesmos, a usar bem o tempo, nos culpando toda vez que o desperdiçamos. Temos que ser sempre eficientes, sendo cada vez mais duros com nós mesmos, fazendo com que até atividades simples, como hobbies, ocupem o fardo de, obrigatoriamente, precisarem contribuir para o nosso crescimento de alguma forma. A gente nunca relaxa, mesmo quando acha que está relaxado. 
 
“O problema fundamental é que essa atitude perante o tempo cria um jogo manipulado no qual é impossível sentir que você está se saindo bem o bastante. Em vez de apenas viver nossa vida à medida que se desenrola no tempo, fica difícil não valorizar cada momento primordialmente de acordo com sua utilidade para algum objetivo futuro ou para algum futuro oásis de relaxamento que você espera alcançar uma vez que suas tarefas estejam por fim ‘fora do caminho’ (…) a sensação é a de que você tem que fazer constantemente o mais judicioso uso do tempo se quiser se manter na disputa.
 
“Isso nos arranca do presente, nos levando a uma vida que passamos apoiados no futuro, preocupando-nos se as coisas vão funcionar, vivenciando tudo em termos de algum esperado benefício ulterior, de modo que a paz de espírito nunca realmente chega.”
 
A conta de que temos 4 mil semanas abala porque é doloroso perceber que não temos tanto tempo quanto uma vida até os 80 aparenta. Então a gente vive no conflito de que, o tempo todo, deveríamos estar nos preenchendo de experiências inspiradoras e de momentos inesquecíveis para o tempo ter seu valor.
 
Não é pra parar de fazer planos, leitor. Continue sonhando e indo atrás das sua coisas. Só saiba, como diz o autor e eu concordo, que você tem permissão para parar de se esforçar. E isso, no sentido de não achar que sempre tem que estar na vigilância de cada ação, para garantir o sucesso de um futuro que a gente nem sabe se vai chegar. Muitas das coisas que acontecem na nossa vida são graças a circunstâncias que nunca escolhemos. 
 
Sem mais spoilers, é um ótimo livro. Bem pé no chão e no estilo cuide da sua vida mas saiba que nem tudo é previsível e controlável. 
 
Fiquem bem <3 
 
Se você gostou deste texto, todos os goles passados estão disponíveis para leitura lá >  www.claravanali.com.br 
Em especial, você pode gostar do 37º gole e 61º gole. 
 
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Um beijo,
Volto logo.
 
 
 
Um rascunho perdido
(textos meus escritos em algum lugar do passado)
 
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dia de ir embora de araçatuba.
céu azul com uma brisa eterna.
meu sobrinho ao lado do pé de carambola.
e domingo que deixa tudo pior. 

Clara Vanali

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Sobre
 
Sou jornalista de formação, tenho uma produtora de vídeos como ocupação, mas aqui, nestes goles,  eu apenas escrevo. 
 Prazer, Clara Vanali ;)