Oi, como vocês estão?
Vamos pro trigésimo nono gole?
E eu sempre me lembro dessa vantagem quando vou sozinha a um restaurante almoçar: a preciosidade de não precisar pegar uma fila imensa nos lugares, em São Paulo, pelo simples fato de dizer “mesa pra 1.”
Mesa pra 1 é como uma senha secreta que abre caminhos sagrados e oferece a você o melhor lugar na varanda do bar, ou no balcão próximo ao bartender - que prepara os drinks na sua frente e ainda puxa assunto sobre aleatoriedades maravilhosas dessa vida.
E então, eu abro minhas newsletters favoritas no celular, escolho o prato que eu quero, peço minha taça de vinho e fico ali sem pressa pra ir embora. Curtindo o prazer de não precisar puxar assunto, e de não ter que fazer planos pro depois dali. Afinal, a minha mesa pra um não é das mais disputadas. A turma toda lá fora está acompanhada, e precisa esperar.
Tô otimista hoje, hein…me segurem.
Eu tenho muitas histórias bonitinhas de amores curtinhos que chegam, bagunçam a casa e deixam boas lembranças. E isso começou na época do colégio, quando um moço que namorava começou a me escrever cartas secretas.
A gente se paquerava, eu era apaixonada nele, mas não sabia que as cartas vinham dele. Em uma delas, ele parafraseou Shakespeare e disse algo como “me dar um ósculo” - que, com meus 16 anos, eu não sabia o significado - mas depois fui procurar e encontrei que ósculo é beijo, numa linguagem rebuscada.
Coisa boa, né?
Eram cartas extremamente elaboradas, com poesias, frases difíceis e que davam a entender que vivíamos uma paixão proibida por ele namorar e o colégio inteiro saber disso. E eu, que até então nunca tinha dado um ósculo na minha vida, ficava como as heroínas das comédias românticas, sofrendo por amar alguém que que não poderia ser amado.
Cartas pra lá e cartas pra cá, um belo dia - eu já sabendo que era ele o dono das cartas - combinamos com amigos em comum, que sabiam da história, de nos encontrarmos num lugar escondido para, finalmente, resolvermos a situação. Pois então, ficamos cara a cara pela primeira vez.
Meu coração disparado. A vontade de se entregar a uma paixão avassaladora x se envolver com alguém comprometido. A beleza da adolescência, né? Tem conflito mais gostoso que esse?
Pois então, pra não machucar a namorada dele, que eu conhecia (embora não fôssemos amigas), disse ao poeta que não gostava dele. E ele, sem acreditar, revidou: - Então olha nos meus olhos e diz que não me ama.
E eu disse, olhando nos olhos dele: - eu não te amo (amando muito e sofrendo como sofrem os jovens corações).
Essa mania que a gente tem de ser correta. Hoje, eles nem namoram mais. Mas na época foi uma história de cinema e interior, né - Araçatuba - qualquer passinho errado já poderia virar um caos.
O fato é que, desde então, jamais me cansei da euforia que gostar de alguém me traz. O sorriso de canto de boca, a alegria dos encontros, os suspiros dos inícios, o interesse que nos causam as pessoas que não conhecemos bem.
Enfim, histórinha ilustrativa. Tudo isso para abrandar os corações de vocês que - assim como eu - vivem sozinhos, pedem mesa pra 1 e, vez e outra, são arrebatados por amores que nos fazem lembrar que, a sensação que elas evocam são das melhores do mundo. Melhor que muito vinho. Melhor que muita viagem. Melhor que filme repetido.
São breves, mas nos fazem entender porquê é que tá todo mundo atrás disso: de se apaixonar.
Fiquem bem <3
Mudando de assunto.
Guarde essa dica e se esbanje nela. Tô profundamente mergulhada na série
The Offer (do streaming da Paramount Channel) que recria - numa série ficcional baseada em fatos reais - os bastidores que envolveram a criação da trilogia
O Poderoso Chefão. Coisa mais preciosa descobrir que Al Pacino só entrou no filme porque Coppola era fissurado nele (enquanto ninguém botava fé); que o produtor (vivido lindamente por
Miles Teller) teve que se envolver com a máfia real pra conseguir gravar em Nova York e que Marlon Brando topou ganhar um cachê mais baixo porque se apaixonou pelo papel. Sai um episódio novo toda sexta e é hipnotizante pra qualquer um que já assistiu ao filme.
E se você está chegando agora, pode ser que goste de ler também o 16º gole.
Um beijo,
Volto logo.